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Tortura
Fagner em poema de Florbela Espanca
do disco "Raimundo Fagner 1982"

Tirar dentro de peito a emoção
A lúcida verdade, o sentimento
E ser depois de vir do coração
Um punhado de cinzas,
Esparso ao vento

Sonhar um verso de alto pensamento
E puro como um ritmo de oração
E ser depois de vir do coração
O pó, o nada, o sonho d'um momento

São assim, ocos, rudes, os meus versos
Rimas perdidas, vendavais dispersos
Com que eu iludo os outros
Com que minto

Quem me dera encontrar o verso puro
O verso altivo e forte
Estranho e duro
Que disseste a chorar, isto que sinto