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ENTREVISTA COM FRANCISCO CASAVERDE

A Página dos Amigos de Fagner tem o prazer de entrevistar mais um compositor cearense e autor de várias músicas gravadas por Fagner: Francisco Casaverde.

 

1- Francisco, prazer em tê-lo em nossa Página.   Para começar, gostaríamos de saber como foi que você se descobriu um compositor.
Desde criança sempre gostei de compor no piano. Fazia umas pequenas peças e guardava de cor, mas era uma brincadeira mesmo. Acho que fui ter a sensação de que era um compositor quando fiz Frenesi com o Petrúcio Maia e o Fausto Nilo. Os dois já eram compositores conhecidos, com várias músicas gravadas, e eu me senti muito envaidecido de me tornar parceiro deles. Depois o Petrúcio gravou a música no disco dele. Uma gravação muito bonita,  com a Teti cantando com ele e um arranjo do Antônio Adolfo.
Meus dois amigos de infância, o Caio Sílvio e o Graco foram muito importantes para mim durante este processo de me tornar um  compositor. Sempre me ajudaram muito e aprendi muito com eles.

2- Você participou do projeto incrível que  foi o Massafeira Livre de 79.  Qual é a sua visão daquele momento ?
Difícil dizer. Lembro que foi muito divertido; aquele monte de músicos hospedados num hotel em Santa Tereza durante vários dias, uns participando das gravações dos outros, mas acho o resultado irregular. O Massafeira tem coisas legais e coisas muito ruins. A minha música mesmo, em parceria com o Caio Sílvio e o Graco, chamada Atalaia, não é uma boa música. É um disco realmente irregular e eu não consigo ver muita importância neste projeto.

3- Você chegou a participar dos Festivais de Música, tanto em Fortaleza como em outros estados ?
Quase nada. Acho que um festival universitário em Fortaleza, cantando uma música do Caio e do Graco,  e outro em Sobral, tocando bateria com o Vicente Lopes.

4- Uma curiosidade: até 1984 você assinava suas composições como “Ferreirinha”e a partir daquele ano passou a usar seu próprio nome.  Porque ?
Ferreirinha era o meu apelido na escola, porque tenho Ferreira no meu sobrenome. Sempre detestei o apelido e sempre me incomodou ter esse nome artístico. Fiz várias tentativas para mudar, mas não achava um nome que me convencesse. Um dia eu estava almoçando em um restaurante em Ipanema  e quando olhei para o lado vi uma casa toda azul. Na mesma hora me veio a palavra Casaverde. Na época eu morava com o ator José Dumont e a esposa dele, a Tânia. Combinamos que eles me tratariam por esse nome para ver como soaria. Depois de alguns dias estava convencido de que era um bom nome. Nesta época o Fagner e a Simone tinham acabado de gravar duas músicas minhas em parceria com o Fausto Nilo: Cartaz e Um Desejo só não Basta. As duas músicas tinham sido escolhidas como carros-chefes dos discos deles. Aproveitei a oportunidade para trocar o nome para Francisco Casaverde. Francisco é o meu primeiro nome. Foi uma sugestão do Fausto mantê-lo
.

5- Onde e quando você conheceu Fagner ?
Conheci o Fagner em 1974 ou 75 através do Ricardo Bezerra. O Ricardo resolveu fazer um show chamado Aves do Céu e me chamou para tocar com ele. O Fagner fazia a direção musical desse show, que também contava com a participação do Petrúcio Maia. Depois disso o Fagner gravou seis composições minhas. Sinto-me honrado de ter sido gravado por ele  que , na minha opinião,  é um dos maiores cantores que eu já ouvi na vida. Até hoje me emociono ouvindo o Fagner cantar.

6 – Você compôs “Frenesi” (na minha opinião, uma das músicas mais lindas que Fagner já gravou) com Petrúcio Maia e Fausto Nilo.  Fale-nos um pouco sobre esses dois parceiros e grandes compositores cearenses.
O Petrúcio e o Fausto são dois dos maiores compositores do Ceará e isso é notório. O Petrúcio me ensinou muita coisa sobre música. Foi muito gentil comigo deixando eu fazer a segunda parte do Frenesi e o Fausto mal me conhecia e colocou a letra. Lamentei demais a morte do Petrúcio e até hoje sinto a falta dele. Era inteligentíssimo, muito engraçado e conhecia muita coisa sobre música. Ele foi muito importante para mim.
Quanto ao Fausto Nilo, passamos a conviver mais quando me mudei para o Rio de Janeiro em 1981. Moramos alguns anos no mesmo bairro e nos víamos com muita frequência. Passamos a fazer muitas músicas juntos. Acho o Fausto Nilo um letrista ímpar. Criativo como poucos e com uma obra invejável. Gosto muito  também  do trabalho dele como cantor.
Gostaria de falar sobre um outro parceiro importante pra mim que foi o Belchior. Um sujeito brilhante, cultíssimo. Fizemos algumas canções juntos.

7 – Como você vê a música do Ceará, hoje ?
Na verdade eu não tenho acompanhado muito. Estou um pouco afastado das canções. Tenho produzido alguns cds de música instrumental e não tenho acompanhado muito o que está acontecendo com a música do Ceará hoje em dia.

8- Hoje você está bem envolvido com o Budismo.  Como é esse seu lado espiritual ?
No budismo se diz que não existe um lado espiritual. O lado espiritual e o mundano são a mesma coisa. O esforço é para fazer com que todos os atos da sua vida comum sejam atos religiosos. Eu pratico o budismo zen, o que inclui a prática da meditação sentada. Tento fazer isso todos os dias.

9- E os projetos futuros ?
Estou fazendo um cd com a professora de yoga Adriana da Cunha, com a qual já fiz dois trabalhos. Este será um cd de mantras indianos. Estou produzindo e fazendo os arranjos. Deverá estar pronto em março de 2008. Além disso estou preparando outros cds de música zen, coisa que já venho fazendo há alguns anos.